quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Contos de fadas ou contos maravilhosos

Podem ou não incluir fadas
Têm origem na tradição cultural ocidental
Presença de alma coletiva
Pertencem à fase pré-literária
Historicamente, situam-se na transição das sociedades baseadas nos clãs (descendência comum), ainda nômades, para as sociedades agrícolas, sedentárias. Neste período entra em desuso os ritos de iniciação, mas permanecem os segredos
Apresentam as linhas básicas do destino humano: a evolução => nascimento => puberdade => amadurecimento => morte.
São formas de pensamento analógico, por vinculação, similitude, comparação
possuem elementos "atemporais" e não geográficos
Podem ser fábulas (incluir animais)
Incluem uma “moral ingênua”: os maus são punidos e os bons recompensados. Valorização da virtude (Perrault - 1695- em seu Prefácio, seria o primeiro a definir o uso ideológico dos contos de fadas)
Dizem respeito à uma jornada (humana): provas, virtudes testadas (do herói)
Possuem elementos estranhos e fora da lógica (a ave Fênix, o rei Midas, a caixa de Pandora, o fígado de Prometeu.
Presença de objetos mágicos
O maravilhoso é imprescindível – fadas e seres mitológicos intervêm na história
Imprecisão quanto ao tempo e lugar determinado
O trágico é ingênuo e há sempre um final feliz para o herói
Representam os ritos de iniciação
Inicialmente não eram contos infantis

Vladimir Propp, “A Morfologia dos Contos de Fadas” (1928)

Em “A Morfologia dos Contos de Fadas”, Propp estabelece os elementos narrativos básicos que ele identifica nos contos folclóricos russos. Basicamente, Propp identificou 7 classes de personagens (“agentes”), alguns estágios de evolução da narrativa e 31 funções narrativas das situações dramáticas. A linha narrativa que ele traça é fundamentalmente uma só para todos os contos, ainda que flexível.
Vejamos suas definições:
7 classes de personagens (“agentes”)
Os personagem são divididos segundo sua esfera de ação:
1ª Esfera – O Agressor – o que faz mal;
2ª Esfera – O Doador – o que dá o objeto mágico ao herói;
3ª Esfera – O Auxiliar – que ajuda o herói no seu percurso;
4ª Esfera – A Princesa e o Pai – não tem de ser obrigatoriamente o Rei;
5ª Esfera – O Mandador – aquele que manda;
6ª Esfera – O Herói;
7ª Esfera – O Falso Herói.

Propp fala em funções constantes dos personagens

1- Função de ausência ou partida de um membro da família
O Barba-Azul, chapeuzinho, A Bela Adormecida (os reis ausentes do palácio), Branca de Neve (morte da mãe)

2- Função de dar uma ordem
Não abrir o gabinete (O Barba-Azul)
Não usar o fuso (A bela adormecida)
Visitar a avó (Chapeuzinho)

3- Função de Ludibriar
Os passeios no campo por 8 dias (Barba-Azul)
O lobo que se finge de vovozinha
A madrinha que se transforma em velhinha e oferece a maçã

4- Função de salvação do herói
A mulher do Barba, pelos irmãos
Chapeuzinho (pelo lenhador/caçador)
A Bela (pelo príncipe)
Os irmãos (pelo polegar)

5- Função de punição do malvado
A morte do Barba
A morte do lobo[
As irmãs da Gata borralheira

Morfologia apresentada por Propp:
31 funções narrativas das situações dramáticas

1- DISTANCIAMENTO: um membro da família deixa o lar (o Herói é apresentado);
2- PROIBIÇÃO: uma interdição é feita ao Herói ('não vá lá', 'vá a este lugar');
3- INFRAÇÃO: a interdição é violada (o Vilão entra na história);
4- INVESTIGAÇÃO: o Vilão faz uma tentativa de aproximação/reconhecimento (ou tenta encontrar os filhos, as jóias, ou a vítima interroga o Vilão);
5- DELAÇÃO: o Vilão consegue informação sobre a vítima;
6- ARMADILHA: o Vilão tenta enganar a vítima para tomar posse dela ou de seus pertences (ou seus filhos); o Vilão está traiçoeiramente disfarçado para tentar ganhar confiança;
7- CONIVÊNCIA: a vítima deixa-se enganar e acaba ajudando o inimigo involuntariamente;
8- CULPA: o Vilão causa algum mal a um membro da família do Herói; alternativamente, um membro da família deseja ou sente falta de algo (poção mágica, etc.);
9- MEDIAÇÃO: o infortúnio ou a falta chegam ao conhecimento do Herói (ele é enviado a algum lugar, ouve pedidos de ajuda, etc.);
10- CONSENSO/CASTIGO: o Herói recebe uma sanção ou punição;
11- PARTIDA DO HERÓI: o Herói sai de casa;
12-SUBMISSÃO/PROVAÇÃO: o Herói é testado pelo Ajudante, preparado para seu aprendizado ou para receber a magia;
13- REAÇÃO: o Herói reage ao teste (falha/passa, realiza algum feito, etc.);
14- FORNECIMENTO DE MAGIA: o Herói adquire magia ou poderes mágicos;
15- TRANSFERÊNCIA: o Herói é transferido ou levado para perto do objeto de sua busca;
16- CONFRONTO: o Herói e o Vilão se enfrentam em combate direto;
17- HERÓI ASSINALADO: ganha uma cicatriz, ou marca, ou ferimento
18- VITÓRIA sobre o Antagonista
19- REMOÇÃO DO CASTIGO/CULPA: o infortúnio que o Vilão tinha provocado é desfeito;
20- RETORNO DO HERÓI: (a maior parte da narrativas termina aqui, mas Propp identifica uma possível continuação)
21- PERSEGUIÇÃO: o Herói é perseguido (ou sofre tentativa de assassinato);
22- O HERÓI SE SALVA, ou é resgatado da perseguição;
23- O HERÓI CHEGA INCÓGNITO EM CASA ou em outro país;
24- PRETENSÃO DO FALSO HERÓI, que finge ser o Herói;
25- PROVAÇÃO: ao Herói é imposto um dever difícil; (narrar o ocorrido)
26- EXECUÇÃO DO DEVER: o Herói é bem-sucedido;
27- RECONHECIMENTO DO HERÓI (pela marca/cicatriz que recebeu);
28- o Falso Herói é exposto/desmascarado;
29- TRANSFIGURAÇÃO DO HERÓI;
30- PUNIÇÃO DO ANTAGONISTA
31- NÚPCIAS DO HERÓI: o Herói se casa ou ascende ao trono.

Contos de fadas ou contos maravilhosos

Poder ou não incluir fadas
Têm origem na tradição cultural ocidental
Presença de alma coletiva
Pertencem à fase pré-literária
Historicamente, situam-se na transição das sociedades baseadas nos clãs (descendência comum), ainda nômades, para as sociedades agrícolas, sedentárias. Neste período entra em desuso os ritos de iniciação, mas permanecem os segredos
Apresentam as linhas básicas do destino humano: a evolução => nascimento => puberdade => amadurecimento => morte.
São formas de pensamento analógico, por vinculação, similitude
possuem elementos "atemporais"
Podem ser fábulas (incluir animais)
Incluem uma “moral ingênua”: os maus são punidos e os bons recompensados. Valorização da virtude (Perrault - 1695- em seu Prefácio, seria o primeiro a definir o uso ideológico dos contos de fadas)
Dizem respeito à uma jornada (humana): provas, virtudes testadas (do herói)
Possuem elementos estranhos e fora da lógica (a ave Fênix, o rei Midas, a caixa de Pandora, o fígado de Prometeu.
Presença de objetos mágicos
O maravilhoso é imprescindível – fadas e seres mitológicos intervêm na história
Imprecisão quanto ao tempo e lugar determinado
O trágico é ingênuo e há sempre um final feliz para o herói
Representam os ritos de iniciação
Inicialmente não eram contos infantis